SOMOS ENECOS!!!

Histórico

A ENECOS, como é hoje, surgiu há doze anos, mas a idéia de uma organização nacional dos estudantes de comunicação social não é nova. Executivas – ou apenas comissões organizadoras de encontros nacionais – existem desde a criação dos cursos. A primeira organização deste tipo que se tem notícia é de 1972. Foram realizadas várias assembléias nacionais de estudantes e formada uma Executiva Nacional provisória que organizou o primeiro Enecom (Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação Social), em Goiânia.
De 72 até hoje, essa organização nacional tem sido regular e conturbada, passando por fases de muita discussão e disputa política ou de completo desbunde.
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A tribo dispersa

Em 1988, existia a Enec – Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação – que organizava os Encontros Nacionais e o de Órgãos Laboratoriais, o Enol. O Enecom de 1988, em Vitória, representou uma crise do movimento estudantil de comunicação. A polêmica central era o estágio em jornalismo. As plenárias finais dos Enecom sempre deliberavam contra o estágio mas nunca com maioria absoluta. Em 1988, a polêmica provocou uma divisão no movimento.
Nada foi decidido (os favoráveis ao estágio abandonaram a plenária final) e a constatação da crise foi imediata. Formou-se uma Executiva provisória e foi marcado um Enecom extraordinário em janeiro de 1989, em João Pessoa, para discutir o movimento estudantil de comunicação. Nova polarização. Ali chegou-se à conclusão de que o movimento deveria ser dirigido pelo Conselho Nacional de Entidades de Comunicação, o Conecom. A Executiva foi extinta. Foi martado para janeiro de 1990 um Enecom em São Luís, depois adiado para julho.
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A tribo é um grupo

Julho de 1990, São Luís. Movimento enfraquecido, todos concordavam com a necessidade de recriar a Executiva. Nasceu a Secune – Subsecretaria de Comunicação da UNE, com uma estrutura parecida com a Executiva de hoje. Na época, estavam sendo criadas muitas subsecretarias de curso na UNE (serviço social, direito, odontologia), mas nunca houve integração. Eram dados os primeiros passos para a organização nacional de hoje.
A primeira gestão, “Pra Sair desse Marinho” (90/91), priorizou a divulgação da nova Executiva, os encontros regionais, a qualidade de ensino, a integração com o mercado de trabalho e a democratização da comunicação.
Veio o XIV Intercom (Congresso Brasileiro de Pesquisadores de Comunicação), no Rio de Janeiro, em setembro de 1990. A constatação de que o evento não estimulava a participação nem a pesquisa dos estudantes provocou uma reação organizada, um evento paralelo ao Intercom, mais arejado, feito por nós: o Interecom do B. O Intercom do B teve apenas duas edições (a segunda foi em 1991, em Porto Alegre) e o mérito de criar um canal de interlocução entre estudantes e pesquisadores.
O Conecom Ampliado surge para suprir a necessidade de priorizar a discussão política e ampliar a participação estudantil. Com cinco dias de debates, as escolas podiam levar delegados eleitos pelos estudantes. Ainda havia o delegado nato, indicado pela entidade, diferente do que acontece hoje no Cobrecos. O I Conecom Ampliado foi organizado na USP, em janeiro de 1991.
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A tribo é uma tribo e não sabia

O XV Enecom, em Curitiba, julho de 1991, foi o maior até então, reunindo mil estudantes. Aprovou o apoio ao estágio em jornalismo e abriu a campanha nacional pela qualidade de ensino. A Secune foi transformada em ENECOS – passamos a ser a chamada Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social.
A gestão era “É Preciso Ousar”.
Em janeiro de 1992, ocorre o II Conecom Ampliado em Salvador. O encontro teve a participação dos CAs do nordeste, e discutiu o Estatuto da Enecos.O projeto de lei apresentado pelo deputado Zaire Rezende, chamado de Lei da Informação Democrática (LID), trouxe possibilidades concretas de atuação dos estudantes. Estes passaram a ser presença constante nos Comitês de Democratização da Comunicação.
O XVI Enecom, em julho de 1992, levou 2 mil estudantes a Belo Horizonte. As eleições diretas e a filiação à Enecos foram aprovadas. Além disso, o Enecom perdeu seu caráter deliberativo. A divulgação da Lei de Informação Democrática feita durante o encontro levou a uma grande campanha por sua aprovação. Principais agentes dessa campanha, durante o segundo semestre de 92, os estudantes recolheram assinaturas e realizaram debates em todo o país.
A reflexão sobre o papel da Universidade e a importância de sua interação com a sociedade estava em pauta. O projeto Agência de Notícia para movimentos populares estava sendo desenvolvido, mais ainda era pouco. Era necessário agir interdisciplinarmente e, para isso, articular as outras executivas. A ENECOS teve papel fundamental na criação do Fórum Nacional de Executivas de Curso, em dezembro de 1992, durante o VI Encontro Nacional das Executivas de Curso – Enex. O Fórum é um espaço para que as Executivas de Curso discutam e troquem experiências e desenvolvam projeto em conjunto.
O III Conecom Ampliado, em fevereiro de 93, em Niterói, trouxe gente nova e o amadurecimento das diretrizes da Executiva.
A atuação da Enecos no Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação torna-se mais responsável a partir da IV Plenária do Movimento, em março de 1993. A Executiva passa a fazer parte da Coordenação do Fórum, ajudando a elaborar políticas nacionais de comunicação e a pensar a democratização da comunicação no país. Essa participação criou canais de diálogo com entidades e instituições ligadas à Comunicação, como a ABVP, a Fittert e a Fenaj, com quem foi possível chegar a um acordo sobre a regulamentação do estágio em jornalismo, apresentado em abril de 1994 no 26º Congresso da Fenaj. O projeto de regulamentação não foi aprovado.
Em julho de 1993, mais de 2 mil estudantes se reuniram em Recife, no XVII Enecom. Mas falhas de todos os tipos atrapalharam o evento. Foram realizadas as eleições diretas e do Congresso Brasileiro dos Estudantes de Comunicação Social (Cobrecos), onde só existem delegados eleitos pelos estudantes, extinguindo-se os delegados natos (representantes dos CAs). Foi eleita, em um Conecom, uma executiva transitória formada por três coordenadores nacionais com a tarefa de encaminhar as eleições diretas e realizar o I Cobrecos. Além disso, doze CAs se responsabilizaram pelos projetos para o ano de 1993.
Janeiro de 1994, o I Congresso Brasileiro dos Estudantes de Comunicação Social, em São Leopoldo, discute o projeto de estágio em jornalismo, políticas de comunicação para o Brasil e aprova o regimento eleitoral. Uma única chapa se apresenta para concorrer as eleições: a “Pra dar Corda ao Relógio do Mundo”. De 11 a 15 de abril, estudantes de 39 escolas elegem, em urna, a nova diretoria da ENECOS.
O grande desafio foi vencido. Durante o XVIII Enecom, em São Luís, toma posse a primeira diretoria eleita diretamente para a ENECOS, concretizando um ambicioso projeto. Começa a gestão “Pra dar Corda ao Relógio do Mundo”.
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Eleições diretas

A chapa única “Para dar corda ao relógio do mundo” foi eleita com mais de 3 mil votos. Em 1994 ainda, a ENECOS teve papel importante na criação da Lei do Cabo, onde atuou junto ao Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação na conquista dos canais de utilidade pública (Comunitário, Legislativo, Universitário, Educativo).
Em 1995, quase 5 mil estudantes de todo o Brasil participaram das eleições da diretoria da Executiva e a chapa “Antes que Zarpe a Navilouca” foi eleita. No Enecom de 1995, em Brasília, foi realizado o 1º Seminário Nacional de Qualidade de Ensino em Comunicação. Foi lá o início da organização do Movimento Nacional pela Qualidade de Ensino em Comunicação (MNQEC). A partir de 1995, a ENECOS e as outras entidades que cumpunham este movimento construiriam diretrizes para o que seria um curso de qualidade de comunicação e sobre a avaliação da formaçao superior.
Em 1996, a executiva se dedicou ao debate sobre a qualidade da formação em comunicação e às discussões sobre as políticas para a comunicação. Mais específicamente, para a cabodifusão brasileira, tendo sido realizado um seminário na UFRJ com sobre este tema. Além disso, a ocupação de TVs e rádios universitárias esteve também na pauta do movimento.
No Enecom de João Pessoa (1997), a chapa “O Giro Vivo do Volante”, eleita com 5,5 mil votos, foi empossada. Enquanto o debate sobre a qualidade da formação superior cresce, a articulação com o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação diminui. Por fatores conjunturais, o fórum se desarticula e deixa um vazio de atuação na área de comunicação. A entidade só voltaria a se reorganizar no ano de 2001.
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Provão e avaliação institucional na pauta

Em 1998, a questão da avaliação institucional e do provão ganhou corpo. No Cobrecos de Recife foi apresentada a primeira versão do projeto Avaliação Pra Valer, que tinha como intenção a formulação de uma proposta de avaliação para os cursos de comunicação. Ainda durante o Cobrecos, foi aprovado o boicote ao provão como forma de combate ao instrumento do MEC, já que a partir daquele ano a habilitação jornalismo passaria a ser avaliada. Em maio, foi realizado na USP o Segundo Seminário Nacional de Qualidade de Formação em Comunicação, junto ao Conecom. Lá, o MNQFC (que trocou o termo ensino por formação) é convidado a participar do processo de formulação das Diretrizes Curriculares para o curso de comunicação por representantes da Comissão de Especialistas do MEC. Em julho, aconteceu o Enecom de Curitiba, que teve problemas sérios de estrutura e organização, causando várias reações enfurecidas dos participantes, mas também ótimas reuniões e assembléias para resolver os problemas do encontro.
Em 1999, janeiro, na abertura do VI Cobrecos é empossada a chapa “Ensaio de Mundo”, com gestão de um ano (até então, o mandato era de um ano e meio). Durante o ano, a ENECOS participou ativamente das discussões sobre as diretrizes curriculares, entrando muitras vezes em conflito com os professores que defendiam a formação de uma comissão de espeicalistas somente para a habilitação jornalismo. Em maio, foi realizado na UnB um seminário sobre avaliação institucional que teve muita importância por ter avançado no debate sobre avaliação e organizado e capacitado os militantes do mecom para promoverem o boicote em suas escolas. Lá foi formado o Grupo de Estudo e Trabalho (GET) Avaliação Pra Valer, que desenvolveu as formulações sobre o tema.
Em junho, o movimento comparece novamente e aumenta o índice de boicote do provão. No Enecom de Maceió, foi apresentad o segundo documento do GET Avaliação Pra Valer, que aprofundava como seria uma avaliação ‘pra valer’ dos cursos de comunicação. Foi divulgada também pela diretoria da ENECOS a campanha Estudante em Movimento, que visava incentivar a prática cotidiana do movimento estudantil nas escolas. No fim do ano, o GET Avaliação Pra Valer se reúne com especialistas e prepara um terceiro documento, este mais conceitual e se atendo às diretrizes da avaliação e à resposta da pergunta “por que avaliar?”.
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O movimento volta os olhos para si mesmo

No início de 2000, no Cobrecos de Belém, é empossada a chapa Oficina de Idéias. Em um congresso esvaziado, a reflexão sobre o mecom foi forte e de lá saiu a deliberação de realizar um seminário somente para debater a ENECOS e o movimento estudantil de comunicação. O 1º semestre é marcado pelo debate sobre a formação e novamente o movimento aumenta o boicote do provão. No 2º semestre, é realizado o seminário “Identidade em Construção” na UFES, que dá imensa contribuição ao movimento. Durante o seminário, é realizado um Conecom que foi marcante pelo debate tenso e acalorado sobre qual escola sediaria o Enecom 2001. Em discussão, a forma como eram escolhidos a sede e o projeto político do encontro.
No Cobrecos de 2001, realizado em São Paulo, assume a chapa “Puxando a Linha do Horizonte”. Neste congresso o movimento toma duas deliberações importantíssimas. Primeira: acaba com as secretarias temáticas (meio profissional, políticas educacionais, relações internacionais etc.), sobrando as de comunicação e finanças, e institucionaliza os Grupos e Estudo e Trabalho (GETs) na estrutura da Executiva. A concepção que orientou estas mudanças era a de que era necessário despersonalizar o acúmulo sobre os temas e passá-los a uma estrutura mais horizontal, que permitisse a livre participação das pessoas.
A segunda: a ENECOS deixava de representar todos os estudantes de comunciação e passou a representar o movimento estudantil da área. Isso significava que a Executiva passava a representar quem queria ser representado. Junto a essa modificação, vem uma alteração nas eleições em que deixa de haver quórum por escolas e passa a haver apenas um quórum do total de votos. Novamente, permeava a idéia de que se uma pessoa quer vota na sua escola e se sente representada, ela deve poder. Outra coisa importante do Cobrecos é a existência de um dia de planejamento na programação, o que acabou não ocorrendo devido à extensão da plenária final.
Outra mudança importante foi o fim da semestralidade que era cobrada das entidades de base. A argumentação era de que isso acabaria com qualquer restrição para que o CA pudesse se filiar à executiva e que a motivação deveria ser estritamente política.
Os próximos dois encontros, o Conecom de Palmas e o Enecom de Brasília, mostraram clara intenção da executiva de retomar a bandeira da luta pela democratização da comunicação, que estava meio esquecida. Foram fóruns ricos de discussão e se avançou muito neste debate. No Enecom, uma grave crise se instala pelo caos gerado na convivência, por causa dos encontristas que privilegiavam a farra. Ficou claro para o movimento que a forma como o Enecom estava estruturado fazia com que as pessoas o encarassem como uma colônia de férias. Ainda durante o encontro, um grupo de estudantes organiza uma copa da maconha. O fato é divulgado, gerando problemas com a polícia e agravando a necessidade de rediscutir o Enecom.
No 2º semestre, o movimento deu um tempo no debate sobre comunciação e realizou em Campo Grande, junto ao Congresso da Intercom, um Conecom e um seminário de trabalho para elaborar uma proposta de implementação do Avaliação Pra Valer. O documento foi iniciado, mas só foi concluído no semestre seguinte, sendo apresentado no Conecom de Niterói, em maio de 2002.
No Cobrecos de 2002, que aconteceu em Maceió, é empossada a chapa “Só É Amanhã Depois Que Acorda”. Durante o encontro, foi identificada uma clara crise no movimento, explicitada pelas contradições na plenária final e pelo esvaziamento do congresso. Ficou clara a necessidade de espaços para que o movimento refletisse sobre ele mesmo. Essa necessidade casou com a vontade do movimento de não realizar um Enecom no ano, devido a todos os elementos já apresentados.
A plenária decidiu que a UFPA organizaria um seminário para debater a ENECOS e o movimento. Diferente do seminário “Identidade em Construção” (Vitória-2000), este fórum não iria questionar a organização da ENECOS ou a sua diretoria, mas sim a própria necessidade de existência da entidade.
O seminário, apesar de esvaziado, conseguiu avançar em uma série de questões. Muito do seu sucesso esteve na forma como as discussões foram estruturadas. No entanto, ficou constatado o afastamento da ENECOS da base. Para continuar o debate, foi chamado um Conecom em Florianópolis com a função de discutir a relação dos CAs com a Executiva. O encontro, que aconteceu na UFSC, avançou mais nas questões colocadas em Belém e foi marcado por uma grande renovação, com várias pessoas novas participando.
O Cobrecos de 2003 foi realizado em Porto Alegre reunindo a nova safra que surgia no mecom. Avaliado como muito bom, o congresso inovou em vários espaços e conseguiu, ainda que de forma incipiente, realizar uma plenária de planejamento. Não tendo havido Enecom em 2002, a espectativa sobre o que aconteceria em 2003 era grande. Apesar de haver uma candidatura, a da UFPB, o movimento decidiu novamente pela não realização do Enecom e pela realização de um seminário em seu lugar. Além desta deliberação, o congresso alterou a estrutura de encontros: em lugar do Conecom do primeiro semestre, os encontros regionais seriam oficializados.


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