Leonardo Maia de Alencar*

Os estudantes não podem fazer matérias sobre a Suzano Papel e Celulose. Se quiserem escrever sobre impactos ambientais tudo bem, mas não pode mexer com o nome da empresa. Por esse mesmo motivo não serve como pauta a construção das grandes redes de supermercado em Teresina. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Carrefour, o Walmart e o Pão de Açúcar controlam 50% dos alimentos comercializados no Brasil. Mas não importa se esse monopólio do mercado de alimentos prejudica a agricultura familiar, os pequenos e médios empresários e principalmente a população pobre, com os preços elevados dos produtos alimentícios. Não pode falar o nome das empresas e pronto.
Então vamos entrevistar o primeiro casal de homossexuais de Teresina a se casar, ou quem sabe as quebradeiras de coco de José de Freitas, são mulheres trabalhadores que fazem discussão de gênero. Também não pode. O adequado é entrevistar pessoas que já estudaram por cinco anos e escreveram um artigo científico sobre um determinado assunto.
Foi isso o que a professora aprendeu e é isso o que ela ensina aos alunos. Talvez sem perceber, comete o mesmo crime que fizeram contra ela. O curso superior torna-se técnico, troca a formação pela formatação e a universidade transforma-se em um grande manual de redação.
*Leonardo Maia de Alencar é estudante de Comunicação Social da UESPI e ex-coordenador nacional da ENECOS
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